Tipo 3 do Eneagrama - A personalidade da imagem camuflada

A vaidade do ego é uma questão importantíssima para a psicologia do Tipo 3. É o excesso de orgulho por ser tal pessoa, pela aparência, pelas realizações, poses e conquistas, o desejo de ser elogiado ou admirado, a ostentação da moda, da riqueza ou do poder que exibe.

São estas manifestações mais superficiais da vaidade fundamental do Tipo 3 que usurpam o lugar do Ser. Para o Tipo 3 a aparência é tudo pois quer ter a imagem perfeita e agir sem falhas. A imagem apresentada é um fim em si, a forma vale mais do que a substância.

A imagem segundo a qual procura moldar-se perfeitamente, baseia-se nas coisas que os outros valorizam e idealizam. E essa imagem muda consoante o meio ambiente e a situação. Como um camaleão, transforma-se naquilo que o outro quer, valoriza ou espera conquistando as pessoas,  abrindo caminho para conseguir qualquer tipo de vantagem o pretenda.

Sabe ser bastante carismático, cativante e fascinante. Neste jogo de aparências a maior mentira que o Tipo 3 conta a si mesmo é que a personalidade é o mais importante, e para dar força a essa mentira, engana-se a si e aos outros adulterando a verdade acerca de si mesmo e da natureza da própria realidade. Também tende a mentir ou exagerar para impressionar, ou evitar derrotas e fracassos e nessa hora ele chega a acreditar que está a falar verdade. Confunde-se facilmente e por vezes já não sabe o que é realmente mentira e verdade.

À semelhança de um ator que sai do palco o Tipo 3 torna-se o seu personagem esquecendo-se de que tudo não passa de "uma peça de teatro".

O Tipo 3 precisa parar um tempo para começar a encarar a sua verdade interior, tal como ele é, e aí entra em jogo a virtude. O corpo saudável não pode expressar senão o seu próprio ser, não pode mentir, pois não pode ser outro que não seja ele mesmo. Quanto mais prestar atenção a si, tanto mais irá perceber a extensão da identificação com a sua imagem inventada. Precisa trazer à tona os sentimentos de superficialidade e descobrir que nem sabe o que realmente sente ou quer, mas que só acha que deve sentir ou querer, e pior ainda, nem sabe como começar a perguntar-se essas coisas.

Ouvir a sua voz interior, perceber o que realmente quer e gosta, e seguir o que  realmente dá sentido à sua vida e preenche a alma é o início do trabalho de crescimento interior para o Tipo 3.

É muito profundo o grau de vazio interior que surgirá quando ela encarar toda a extensão da sua identificação com a imagem. Quando a alma começa a deixar de lado tudo o que investiu na imagem, depara-se com um gigantesco abismo.

Se a imagem é uma mentira que mais terá o Tipo 3? 

A sensação é de já não poder confiar em si mesmo... Quanto mais profundamente se conectar consigo mesmo mais a sensação interior de ser uma farsa, uma mentira, uma pessoa artificial, dá lugar a uma sensação de simplicidade naturalidade e verdade. Nesse lugar, o Tipo 3 começa a encontrar-se consigo e a conhecer-se...

Helena Portugal

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