Ser milho ou pipoca?
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A personalidade cristaliza-se e endurece ao longo da vida como um grão de milho a cada zanga, cada emoção que arrefece por dentro, a cada ideia que morre sem ter sido edificada.
Um dia cansei-me e começaram as perguntas!
Terei que ser o que acho que sou? Fazer, sentir e pensar o mesmo repetidamente? Qual o sentido da existência? De tanto procurar respostas num determinado momento, quieta no silêncio, a alma começou a manifestar-se.
Ela sabe as respostas, mas para compreender ou acreditar nas respostas da alma precisei de ajuda. Procurei caminhos na espiritualidade que me têm levado a uma compreensão mais humana da vida. Percebi os exageros da personalidade e a força animal dos instintos e com amor, luta e por vezes dor comecei um trabalho interior para a vida toda.
Às vezes parece um caminho inglório, parece que nada muda e questiono-me se alguma vez conseguirei ser uma pessoa melhor, aumentar o nível de ser, compreender os mistérios da vida e da morte.
E nesta desesperança coisas extraordinárias e milagrosas vão começando a acontecer! Ao refletir nesses acontecimentos percebo que são o reflexo de uma mudança interna. Percebo que o trabalho interior opera para lá da consciência e aquece tanto o coração que de vez em quando um milho vira pipoca branquinha, leve, macia e gostosa!
Grata ao Paulo e a todas as amigas e amigos que me ajudam a ser pipoca (de vez em quando).
Helena Portugal