O prazer toca na dor

O Tipo 7 acaba preso no conflito entre o hábito de evitar a dor através da procura do prazer e a realidade de não puder fugir à dor para sempre. 

Quando percebe que evitar sentimentos difíceis e a realidade não o leva a lado nenhum sente-se deprimido porque a dor não vai embora, apenas está a ser varrida para debaixo do tapete. Quando não lida com os problemas no presente para não se focar nas dificuldades da vida tendencialmente, está a criar mais dificuldades para ele próprio, quando os desafios inevitavelmente aparecem.

Quando a estratégia de vida é baseada na ilusão de que focando-se no lado brilhante da vida o lado negro desaparece, cria-se uma armadilha, desapontamento e falhanço. A visão prazerosa da vida não pode ser utilizada para evitar os desafios inerentes à vida humana que trazem dor.

E sem experimentar o lado "mau" como pode compreender, realmente o lado bom em toda a sua plenitude?

Adotando uma atitude hedonística o Tipo 7 pode também confundir o prazer com amor.

Ele sente-se amado com experiências de prazer e indulgencia, mas o amor é querer aceitar a experiência no seu todo com todos os sentimentos e não apenas com os felizes.

O Tipo 7 quer fazer o que lhe apetece quando lhe apetece, não quer que se lhe imponham limites, é anti autoridade e anti hierarquias.

Mas como não quer conflitos vai desenvolver uma forma encoberta ou implícita de rebelião. É anti convencional, questiona a autoridade e opõe-se a ela com charme, humor, manipulação intelectual. A sua forma de rebelião não é confrontadora, nem direta, pelo contrário, é astuta e humorada. Desta forma expressa o seu ponto de vista sem criar conflito aberto.

Não se preocupa muito com a autoridade, confia nele próprio e na sua habilidade para tornar potenciais tiranos em seus amigos.

Em vez de ele próprio ser autoritário, o que é desagradável, prefere exercer influência pela criatividade mental e camaradagem. Permite a ele e aos outros muita liberdade, vive e deixa viver.

A tendência para evitar limites, também leva a uma dificuldade em manter o foco e auto disciplina. A sua habilidade em mudar o foco mental muito rapidamente eleva a pensamento criativo, mas também significa uma grande dificuldade em manter o foco numa coisa de cada vez. É difícil manter o foco durante muito tempo principalmente para começar e acabar tarefas mundanas porque o fantasiar o futuro e intolerância à frustração e aborrecimento no presente distraem-no e por outro lado não gosta de adiar prazeres.

O Tipo 7 só consegue acalmar esta busca incessante pelas sensações prazerosas quando entra em contacto com a sua natureza profunda e para isso tem que desenvolver a capacidade de estar presente no aqui e agora. 

E quando o faz, precisa confrontar-se com o medo, o vazio e estar disposto a sentir a sua verdade tal qual ela é, não como ele gostaria que fosse e para isso tem que compreender que o conhecimento de si mesmo não pode incluir apenas experiências maravilhosas. Acaba por perceber que a sua forte tendência pelo positivo o escraviza, uma vez que perde a liberdade de conhecer toda as outras coisas e com o tempo percebe que esta tendência lhe causa muito mais sofrimento do que qualquer medo ou dor que pudesse encontrar.

Encarar a realidade interior requer acessar à virtude da Sobriedade, o que equivale a conhecer e sentir plenamente tanto o positivo quanto o negativo, mas sem amplificar ou exagerar os seus conteúdos.

Helena Portugal