Narcotização do Tipo 9, porquê?
O Tipo 9 é o ponto onde o Eneagrama começa. A identificação com a personalidade pressupõe a perda de contacto com a natureza essencial do ser humano e como esse distanciamento em relação à Verdadeira Natureza é comum aos egos, todos os outros Tipos do Eneagrama podem ser vistos como variantes deste arquétipo fundamental da personalidade.
O Tipo 9 é o que mais se vincula às questões relativas ao esquecimento do verdadeiro ser - o adormecimento da natureza profunda - e os outros Tipos são variações desse principio básico que reside ego.
Coloca os outros à sua frente, - eles que se façam ver e que brilhem. O Tipo 9 fica em segundo plano, pois sente-se menos importante e influente. Em relação aos ouros ele não se sente só inferior como também insignificante.
Dificilmente afirma a sua própria vontade, não quer incomodar ou causar discórdia, optando por fugir dos conflitos.
Cria uma sensação de invisibilidade e uma profunda resignação à ideia que nunca será o centro das atenções nem apreciado por ser quem é, (porque perdeu o sentido do seu próprio valor).
O Tipo 9 desenvolveu a crença que há nele algo errado, uma deficiência tão difícil de suportar que o levou a criar estratégias para amortecer a dor causada pelo sentimento de não ser completo nem digno de amor.
A principal estratégia utilizada é o mecanismo chamado narcotização. Ao narcotizar-se mergulha a alma no sono para tirar da consciência essa sensação dolorosa. Fica entorpecido, ou procura ocupar-se com atividades que o distraiam de si mesmo, criando um ambiente denso, difuso e de marasmo.
Na narcotização predomina a falta de vitalidade, o tédio, indolência e preguiça, principalmente nos Tipos 9 com o subtipo Auto preservação e Sexual. Há uma contensão de energia que lhe garante um estado de equilíbrio para manter as coisas essenciais à subsistência.
É como se houvesse uma indefinição interior por não saber muito bem o caminho a seguir. Para quem vê de fora, o Tipo 9 parece o mestre da procrastinação, no entanto para ele o tempo que leva para começar a fazer algo é o tempo que necessita para ordenar a sua desorganização e incerteza interna.
Por força desta vivência tem dificuldade em assumir prioridades, protela o que realmente precisa ser feito, desconcentra-se e vai distraindo-se com coisas acessórias que lhe dão a sensação de conforto. A narcotização é precisamente uma busca de conforto psicológico e dessa forma nem se dá conta que sofre.
No entanto, o cerne da questão referente à narcotização não recai tanto nas atividades exteriores mas sim no esquecimento ou desconsideração das coisas que tem importância pessoal. A verdadeira preguiça do Tipo 9 consiste em não nutrir o contacto com a sua verdadeira natureza.
O Tipo 9 sai da narcotização quando se lembra que o universo é amoroso e que ele, enquanto manifestação do universo é intrinsecamente digno de amor. O trabalho de crescimento do Tipo 9 está, portanto, em ir além da personalidade e religar-se à sua essência.
Helena Portugal
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