O ponto 9 no Eneagrama
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O 9 no símbolo do Eneagrama é o ponto que marca o lugar onde o círculo se fecha e o lugar onde o triângulo se abre.
O 9 é um ponto de passagem de um nível de circulação a outro dentro do sistema. Neste ponto as figuras, círculo (esfera) e triângulo (pirâmide) conectam-se e abre-se uma passagem do mundo incriado para o mundo criado. Ao passar da dimensão do círculo para a dimensão do triângulo dá-se a passagem do mundo em potência para o mundo da existência o que implica uma descida e uma mudança de estado.
Entrar na existência implica começar algo o que acontece no vértice superior do triângulo, ponto 9, onde o Eneagrama começa. Aqui, no ponto 9 em que o círculo toca o triângulo é onde a dimensão superior entra em contacto com a inferior, uma vez que o círculo representa o mundo da unidade e o triângulo o mundo da dualidade.
No ponto 9, na passagem da unidade para a dualidade acontece que a essência e consciência que até então constituíam uma só identidade separam-se.
A perca de consciência implica perder o conhecimento e surge a degradação da experiência individual daquilo que a pessoa sente que é. Fica uma subjetividade residual, desvitalizada e dispersa. Perde-se o contacto com o Ser, esquecesse a vida interior e não se sabe porque se veio a esta vida.
Quando a consciência fica separada da essência perde o núcleo de subjetividade que lhe dava centro e enfrenta algo que não pode suportar que é a experiência de perda do Ser, a experiência do vazio. Por isso a consciência faz um primeiro movimento que começa a gerar o falso sentido de identidade que faz cair a identificação e constitui o ego.
A consciência não resiste e faz um movimento para sair daí e voltar à experiência anterior, faz um movimento para tentar recuperar a sensação de Ser perdida.
Como a consciência não pode recuperar o estado de Ser perdido para cima em direção ao Ser, ao real, vai fazê-lo para baixo em direção à aparência de ser, ao ideal. Na verdade não é algo que a pessoa faz, é algo que acontece. A caída é automática, é como se fosse a caída do paraíso.
Isto é o que acontece no ponto 9 onde se produz a separação e a desconexão da consciência e da essência. Compreende-se, então que o Tipo 9 mais do que os outros se esqueça de si e a sua vida gravite em função da harmonia na tentativa equivocada pelo ego de encontrar a unidade plena de onde o Ser veio.
Helena Portugal