O medo, a dúvida e a Coragem!

O medo pode atingir qualquer pessoa, no entanto no Tipo 6 é o fator central.

Quando o Tipo 6 perde o conhecimento direto da sua natureza, o que acontece quando está na personalidade, surge a identificação com medo e insegurança. Neste estado fica apreensivo, em guarda, à espera do que o possa vir a magoar e sente-se despreparado para lidar com os imprevistos. A alma permanece fixada na ansiedade de sobreviver e no medo da morte física porque acredita que a conduta humana é intrinsecamente egoísta e baseada no interesse próprio.

Duvida de si, das suas intuições, desconfia, sente-se inseguro e ansioso, não tem a certeza. Ainda que inconscientemente, acredita que as outras pessoas só esperam uma oportunidade para o destruir, trair ou prejudicar.

Os outros parecem mais fortes, poderosos robustos e inteligentes, espertos, hábeis e seguros de si. Esta visão cética do mundo constituiu a mentalidade fixa - "fixação" da personalidade chamada de "Covardia".

Predomina o nível do puro instinto físico, a parte animal e cria-se assim, um círculo vicioso - porque os afetos interiores, os ímpetos e as perceções que poderiam ser construtivos e favoráveis são postos em dúvida e por fim, negados já que podem ter nascido daquela parte perigosa que vive lá dentro - a parte instintiva e animalesca do ser. A dúvida bloqueia os impulsos, fazendo com que eles deixem de ser um princípio de ação para se tornarem um objeto de questionamento. É verdade que muitas vezes, o Tipo 6 é levado a agir pelo medo impulsivamente, mas todos os conteúdos interiores espontâneos são suspeitos e por isso são isolados e dissecados pela mente.

Tudo fica intrinsecamente instável e inseguro e é visto sob o prisma do ceticismo. Quanto às outras pessoas, embora possam parecer bondosas, amorosas e confiáveis exteriormente, é preciso estar atento e manter uma atitude de suspeita, esperando que elas mostrem a verdadeira face.

A dúvida insinua-se em tudo, manifestando-se sob a forma de hesitação, indecisão, vacilação, indefinição, falta de firmeza, instabilidade e ceticismo. Como não sabe o que quer nem o que sente, o processo de tomada de decisão pode tornar-se obsessivo e marcado pelo terror de optar pela coisa errada.

Quando a paranoia o domina, o que já tem implícito uma atitude de medo, o Tipo 6 põe tudo em questão sob o ponto de vista da dúvida iniciando um processo de investigação viciada onde vai procurar todos os indícios que confirmem as suas suspeitas.

O medo contribui para a incerteza sobre o que fazer, por isso Tipo 6 está sempre à procura de informação para basear as decisões, que processa mentalmente, aplicando a lógica e a razão para racionalmente tomar a melhor decisão.

O Tipo 6 não é apenas intelectual, é o mais lógico de todos os tipos, é devoto da razão. Vive no domínio do intelecto, não só como um método para resolver problemas, mas também como um procurador de problemas na tentativa de se sentir seguro. Esta forma mental de combater o medo e a indecisão pode aprisioná-lo num ciclo interminável de pensamento: aplicar a lógica, questionar as suas conclusões que depois precisam de ser pensadas novamente.

O Tipo 6 tem sempre uma dúvida em mente. A sua estrutura de raciocínio tem a tendência para duvidar e questionar de quase tudo o que reflete tanto a ansiedade sobre as intenções dos outros como uma necessidade de sentir segurança ao testar e avaliar mentalmente as pessoas e ideias.

Para ultrapassar o medo e a dúvida o Tipo 6 precisa tranquilizar-se e aceder à virtude da Coragem. Coragem, significa confrontar-se com memórias e partes de si que lhe parecem aterrorizadoras, deparar-se com a falta de fé, com a dúvida e a desconfiança de si mesmo e assumir a responsabilidade pela sua própria existência.

Helena Portugal