Inocência, a virtude do Tipo 8

A Virtude é uma qualidade essencial na qual o Ser pode conectar-se com a sua verdade Divina. É um estado de pureza sem reatividade em que o Ser "é", se expande e vibra na harmonia do Cosmos sabendo exatamente qual o seu lugar na Existência. A Virtude do Tipo 8 é a Inocência.
O ser inocente reage de maneira nova a cada momento, sem lembrança, sem expectativas, sem juízos formados. Na inocência, percebe a realidade e o vínculo que o liga ao seu fluxo de tudo o que "É". No nível mais profundo, isso significa encarar cada momento sem submetê-lo a nenhum critério do passado.
Significa viver o momento sem lembranças que tornem parcial a perceção. Quando a perceção fica livre das influências da sua história, a alma, torna-se original e inocente. Os acontecimentos do presente têm um efeito direto sobre a alma, livres de associações ou ideias preconcebidas a seu respeito. Para isso, a pessoa tem que estar completamente aberta ao que está a viver e isso por sua vez, implica não procurar proteger-se nem defender-se contra um perigo imaginário.
Para o Tipo 8 significa abrir mão da sensação de ser atacado ou desafiado e apagar a crença de que os outros o querem prejudicar, logo não há para se vingar.
Deixa de ver-se como uma entidade isolada para quem a realidade física é fundamental e que precisa trabalhar para manter unidos a alma e o corpo, então em vez de protestar inocência em face do sentimento interior de culpa, conhece diretamente a pureza imaculada de sua alma.
Como Tipo 8 chega a este ponto?
Em primeiro lugar é necessário disposição para depor a espada, pelo menos por certo tempo, e prestar atenção ao seu mundo interior. Para tanto, ele precisa parar de voltar a atenção para todas as injustiças e obstáculos que segundo o seu modo de ver são colocados em seu caminho e direcionar essa atenção para dentro de si.
Precisa aproximar-se do seu corpo e senti-lo diretamente. Para um tipo ativo, orientado para o mundo físico, isto pode parecer redundante - é claro que o Tipo 8 já vive em contato com o seu corpo! Na realidade, porém, isto não acontece, pois ele tem tanta dificuldade quanto os outros tipos, senão mais, para contactar diretamente com as suas experiências viscerais. Usa o corpo frequentemente e abusa dele, mas quase nunca o habita plenamente com a consciência. Para entrar em contacto com a inocência tem que entrar em contacto com as suas experiências em vez de dar-lhes uma interpretação determinada pela história que já tem na cabeça, por mais sensata ou cósmica que seja.
Precisa baixar a guarda e deixar que a sua alma seja tocada diretamente. Embora a função das defesas seja a de repelir todas as coisas potencialmente prejudiciais, ele verá que elas dificultam, também, a entrada de coisas positivas. Quando se abre ao dinamismo dos processos em vez de lutar contra eles, a noção que tem de si se dissolve e pode conhecer a verdade de quem é: uma manifestação individual do Ser inseparável da sua Unidade. Percebe que a abertura e vulnerabilidade são os pontos mais fortes, e que a vingança é a dissolução da sua noção de separação do "eu", e que a alma da pessoa aberta e transparente mesmo quando o seu corpo sofre um ferimento, permanece pura e imaculada como uma janela que se abre para Divindade e que nada nem ninguém pode fechar.
Helena Portugal