O Tipo 7 do Eneagrama e a "quase morte"
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Há muito tempo que me intriga a ideia do Tipo 7 ser tão sensível à ideia da morte. Tenho lido em livros e ouvido dos Mestres (com quem aprendo e faço o meu "trabalho") que quase todas as pessoas do Tipo 7 têm uma lembrança de quase morte que ficou marcada (consciente ou inconscientemente) numa fase inicial da vida.
A personalidade do Tipo 7 foge da dor, talvez em grande parte por causa dessa lembrança, (consciente ou inconsciente). Há um medo profundo de viver a dor por pensar que não vai conseguir sair dela, e essa é uma sensação de morte...
Nos meus estudos sobre o Tipo 7 encontrei no significado do número 7 no alfabeto Hebraico a mesma ideia associada ao número 7. No alfabeto Hebraico as letras também representam números, o número 7 é representado pela letra "Zain" que significa arma.
" - Eu não me servirei mais de Ti, - dizia o Criador, - "Pois tu és a imagem da guerra. Tens a forma de sabre afiado e de um punhal."
O Sábado foi o sétimo dia da criação, aquele em que Deus constatou que a Sua Obra da Criação era muito boa e se retirou. A palavra Shabat significa parar, quando se atingiu a perfeição impõe-se parar. Nada poderá ser feito melhor. Mas, por outro lado parar significa a morte. Deus está vivo, a sua criação está viva, como conciliar estes opostos?
Quem pode conceber a morte neste ponto da Obra?
E contudo uma morte é necessária para que essa perfeição germine, seja a fundação que de novo alcançará, na sua vez, uma nova perfeição.
Este é o dinamismo da Obra Divina, a lei pela qual o homem deve ontologicamente morrer, tornar-se semente para poder integrar cada um dos níveis energéticos da Criação. Esta morte nada tem a ver com a ideia assustadora que temos da morte. Acabámos de ver que a morte intervém no pico da perfeição e toda a criação é boa.
Deus vai conduzir o homem a uma espécie de involução, repassando pelos estados anteriores de cada um dos dias da Criação para que ele possa "lembrar-se", que em cada um deles alcançou a perfeição, e o homem também deve tornar-se semente, e essa semente deve morrer na terra para renascer com a luz.
Esta é a "ajuda", a semente que deve encontrar-se, "casar" em cada etapa da viagem e em cada etapa quando atingir o limite operará em si o descanso das forças que lhe permitem voltar à luz sempre mais brilhante.
Assim, pode entender-se que o poder do 7 no alfabeto hebraico significa incontestavelmente "morte e ressurreição" e assim sucessivamente até à ressurreição final, uma vez que o perdão do Homem existe à imagem do perdão divino, e é infinito. E segue-se o número 8 que representa o infinito deitado. A ressurreição está, pois na afirmação do número 8...
Helena Portugal