Como se relaciona o Tipo 5 do Eneagrama

"Segredos" sobre a forma como o Tipo 5 vive os relacionamentos. Um testemunho para compreender as motivações dos seus comportamentos com os outros.
"Gosto de relacionamentos não invasivos. A certa altura, principalmente em relacionamentos de longa duração, ou intensos, preciso do meu espaço e tempo para descontrair.
Quando estou com outras pessoas mantenho uma postura discreta, falo num tom moderado e não procuro ser o centro das atenções. Gosto de estar com várias pessoas porque assim todos falam, eu posso ouvir e não há a necessidade de ter que falar para "cortar" algum silêncio que possa haver. Nunca ouvi ninguém dizer que falo muito! A verdade é que também não sei se as pessoas quereriam ouvir o que eu possa ter a dizer e não quero ser uma "seca" para ninguém.
Muitas vezes até preferido passar despercebida entre as pessoas. Porquê? Talvez porque assim ninguém me vai pedir nem perguntar nada. Nem sempre há vontade para corresponder às solicitações dos outros, principalmente se forem pessoas que não me dizem nada. Com as pessoas que eu gosto é diferente. Essa disponibilidade existe quase sempre.
É difícil manter o interesse em estar com alguém quando os assuntos abordados não interessam . Pior ainda, é quando há aquela sensação de "aqui não se aprende nada". Facilmente deixo de estar presente e embora pareça prestar atenção, na verdade estou a pensar noutras coisas.
Um relacionamento gratificante é pautado pelo humor, (adoro dar umas boas gargalhadas) aprender coisas interessantes. Num ambiente descontraído é mais fácil ser espontânea (pelo menos por alguns momentos). Não faço a festa, mas vou na festa!
Não gosto de confrontos, nem alimento discussões. Não tenho energia para isso. As discussões requerem pensamento rápido e não gosto de falar sem pensar antes. Quanto mais próximos são os relacionamentos mais este mecanismo funciona. É uma forma de proteger o relacionamento, não querendo "estragar" tudo com uma palavra irrefletida da qual me venha depois a arrepender.
Por isso, quando alguém se exalta comigo, dificilmente mostro uma reação. Tudo o que penso ou sinto nesse momento fica comigo. Quando os ânimos se acalmam, tiver as emoções equilibradas e se for um assunto importante que necessite de ser resolvido, falo depois no assunto e explico o meu ponto de vista.
Espero pouco dos outros, porque na verdade, ninguém tem que resolver ou ajudar-me nas minhas coisas. É difícil sentir que dependo dos outros para concretizar os meus planos. Por isso há uma tendência para a autossuficiência. Este ponto da personalidade lembra-me um ditado popular - " Pedi ao vizinho e envergonhei-me. Fui para casa e remediei-me".
Os atos de simpatia e atenção para comigo, acabam sempre por ser uma surpresa inesperada, agradável e surpreendente. É perceber que alguém me viu ou lembrou-se que eu existo!
Muitas vezes inibo-me de entrar em contacto com as pessoas porque tenho a sensação de estar a invadir o seu espaço e tempo e não sei se isso será oportuno, ou não, naquele preciso momento.
Há várias pessoas que admiro imenso, outras de quem gosto muito, e mesmo assim nem sempre é fácil mostrar afetos com contacto físico. Posso fazer algo para elas, ter uma atenção especial relativamente a algo que precisam ou fazer uma surpresa e essa é uma das formas de mostrar a minha amizade e apreço.
Gosto de estar com os amigos e gosto igualmente daquele momento do "enfim sós!" Quando fico sozinha a presença dos amigos perdura na minha lembrança. Revivo as coisas que falámos ou fizemos. E quase sempre sinto muita ternura neste processo de recordação. Às vezes penso que se conseguisse explicar aos amigos o quanto gosto deles não iriam entender a intensidade deste sentimento."
Helena Portugal