Serenidade, a chave da Perfeição para o Tipo 1 do Eneagrama

02-11-2019

O Tipo 1 sente instintivamente a Unidade Original e acredita que quanto mais ela se expressar mais perfeito tudo será.


Por isso vai cristalizar um comportamento rígido de defesa contra tudo o que ameace as suas "perfeições definitivas e absolutas".

Crê que só existe uma forma certa de fazer as coisas e quando não consegue realizar as coisas dessa forma, interna ou externamente, a raiva muitas vezes impedida de se manifestar, se disfarça numa espécie de raiva justa e racionalizada, por não ter conseguido realizar o supostamente perfeito.

O imperfeito é rejeitado. Tudo o que no seu entender oculta a Unidade que instintivamente quer atingir é imperfeito.

Nada é perfeito quando sujeito à manifestação existencial, porém nada é absolutamente imperfeito e tudo pode ser aperfeiçoado. (O modelo pode ser perfeito, porém suas expressões podem não ser perfeitas. Quanto mais semelhante ao modelo mais perfeita a obra. Somente não se pode esquecer que talvez esse modelo seja também passível de perfeição e paradoxalmente imperfeito no seu nível.)

Não tendo esta compreensão, o Tipo 1 transforma o "Perfeito" num estado rígido e cristalizado, terminal, que não pode ser diferente daquilo que ele determinou como perfeito, aquilo que preconiza como certo. Então, nesse estado de fixação e obsessão interna, nessa incapacidade de perceber a ilimitada unidade e a dinâmica dessa perfeição em estado permanente de aperfeiçoamento o Tipo 1 não pode ver além de seu limitado território.

Tudo o que seja perfeito terá que estar sujeito às suas medidas à suas normas, às suas perceções do certo e errado. A ameaça permanente de ver o território alterado pelo imperfeito que vem de fora é exorcizada com a diária conservação de tudo o que pode consolidar a segurança e ordem do seu território

Enquanto não conseguir entrar no estado de Serenidade será o seu próprio acusador que reprime, julga, ironiza, manipula, limita a si mesmo e aos outros, porque vive num mundo de falsas perfeições e de parciais visões da Unidade.

Serenidade é a chave mestra para o Tipo 1 chegar ao conhecimento profundo de si mesmo.

A Serenidade pode ser compreendida como "Ser na Unidade". Na Unidade que foi a primeira manifestação do todo. Uma Unidade que une todas as coisas, porque todas as coisas tiveram nela sua origem. " No princípio era o verbo ... por ele todas as coisas foram feitas"

Quando o Tipo 1 se dá conta de que a Unidade, da qual a sua máscara é um fraco e limitado reflexo, está presente em todas as coisas e não somente em algumas, quando percebe que essa Unidade pode assumir muitos rostos, quando o perfeito se compreende como uma dinâmica sem os limites de seu território, quando o perfeito pode ser visto nos outros modos de expressão da realidade, em outras maneiras de ver, fazer, sentir e viver, então a Serenidade, o Ser na Unidade, surge e começa a substituir a raiva da sua rígida mascara.

O mundo ampliasse e as possibilidades multiplicam-se. Agora tudo se torna possível. Tudo se torna dinâmico, cheio de nuances e possibilidades insuspeitáveis, para as quais o Tipo 1 está aberto com a Serena atitude do observador imparcial que não precisa julgar, rejeitar ou acusar. Pouco a pouco o Tipo 1 pode ser capaz de descobrir o Único Perfeito em todas as múltiplas questões que se apresentam a si na existência.

Torna-se aberto, porque a Serenidade o transforma num ser recetivo. O conflito entre as polaridades que pareciam irreconciliáveis diminui, porque a Serenidade produz equilíbrio, equanimidade e a humildade necessárias para a grande reconciliação dos opostos.

A Serenidade permite ao Tipo 1 ampliar suas possibilidades de perfeição real

A raiva que não era expressa, pode agora manifestar-se adequadamente, porque descobre que era apenas uma energia mal direcionada e que somente parecia mais terrível, porque assim como as águas estagnadas que não podem seguir o seu curso, não servem, assim essa raiva era apenas energia a ser transmutada no rio poderoso da Serenidade interior. A serenidade transforma o critico interno num Buda sorridente.

A Serenidade mostra que já não é necessário viver no mundo "certo" e no mundo "errado" e que pelo contrário, tudo pode ser vivido além dos subjetivos limites do bem e do mal, do certo e do errado.

A Serenidade conduz à vivência plena da existência, sem ser necessário agir deste ou daquele modo, ou segundo este ou aquele esquema. É viver sem tensão, sem rigidez, sem emoções ou sentimentos retidos.

A Serenidade é o resultado daquele estado psicológico que Gurdjieff chamou de moral interna em oposição à moral subjetiva que muda de acordo com as épocas e costumes. É um estado no qual o lobo e o cordeiro que carregamos connosco se reconciliam.

A Serenidade é um estado de ser livre de apegos a formas específicas de fazer as coisas. Serenidade é o sentimento de paciência e relaxamento que vem junto com a sensação de completude e unidade. O sentimento de que tudo está como deve estar e nada precisa de ser mudado ou aperfeiçoado. É harmonizar-se com o ritmo natural da vida sem ter de impor nenhum julgamento sobre o que deveria ou não acontecer ou como a vida deveria ser. 

Helena Portugal

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