A ira do Tipo 1 do Eneagrama

12-11-2019

O Tipo 1 do Eneagrama sente um impulso para lutar pelo correto e aperfeiçoar as coisas e pessoas à sua volta.


Estar tão focado em fazer a coisa certa, para se sentir bom e merecedor de respeito, aceitação e amor, faz com que privilegie sempre em primeiro o cumprimento do dever.

Se psicologicamente está cem por cento comprometido em lutar pelo que é correto, por outro lado acaba por sentir uma enorme pressão para ceder aos instintos do ser biológico que é. O instinto é animalesco, egocêntrico, move-se pelo prazer, é amoral e agressivo, então estes impulsos (errados e imperfeitos) contrastam fortemente com o autocontrolo que o Tipo 1 quer a todo o custo manter no desempenho do seu papel de pessoa exemplar, de acordo com os seus padrões morais e mentais.

Então, o Tipo 1 vai lidar com os seus instintos identificando-se apenas com as partes que considera boas, as partes virtuosas, altruístas e nobres e procura reformar e controlar as partes instintivas "más". Trava assim, um combate interior, e não percebe que ao não aceitar as características mais primitivas do instinto está a dar-lhes cada vez mais força e poder.

E isto, pode acontecer nos momentos simples da vida quotidiana, como por exemplo ter vontade de ir para à praia num lindo dia de Verão, depois das horas de trabalho como os outros colegas vão, mas há um trabalho para completar, e escolhe fazer horas extra para cumprir o dever. E pode chegar até a pensar, que os colegas são irresponsáveis indo divertir-se quando ainda há trabalho para fazer. Sente que por um lado se esforça mais do que os outros e a sua única recompensa é a satisfação de cumprir o dever e fazer um bom trabalho. E lá no fundo, sente uma certa injustiça por não haver nenhum outro tipo de recompensa por parte dos chefes ou colegas, assim como, por sentir vontade de ir para a praia e não se sentir "autorizado" a isso.

As experiências que o Tipo 1 mais evita são a sensação de estar errado e a perceção direta da própria ira, por isso tende a reprimi-la porque não é um comportamento correto, a menos que esteja convicto de que ela tem um motivo objetivo, aí sente-se autorizado a manifestar a ira.

Alguns Tipo 1 simplesmente parecem perpetuamente aborrecidos, zangados ou irritados com tudo e com todos, ao passo que outros tem lampejos de uma justa indignação que parece plenamente justificada pela maldade, ou indignidade evidentes de alguma outra pessoa. Por vezes, o Tipo 1 assemelha-se a uma panela de pressão, abafa a raiva até que chegue a um nível critico e então estoura a válvula.

A ira pode manifestar-se, também como uma atitude constante de encontrar defeitos em tudo, criticar e prestar atenção a minúcias e nessa atitude ele transmite a mensagem de que as coisas simplesmente não estão do seu agrado, ou então especifica os defeitos com críticas supostamente construtivas, pelo nobre motivo de fazer bem ao próximo.

Por outro lado, e como reverso da medalha, ignora que a sua cruzada para endireitar o mundo e torná-lo bom, também traz muita agressividade alimentada pelo eu instinto rejeitado e escondido. Mas como essa agressividade é inaceitável, é bloqueada, e deixa de ser um impulso instintivo, mas sim uma distorção desse impulso. Essa distorção assume a forma de ira que é a paixão do Tipo 1.

Quanto mais consciente ele se torna, mais percebe que a sua constante atitude crítica e violenta é um problema e então a própria obsessão crítica, condenatória e recriminatória torna-se para ele um enorme motivo de angústia.

Helena Portugal

Helena  Portugal
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