A alegria peculiar do Tipo 4 do Eneagrama
Testemunho de vários Tipos 4 sobre a vivência da alegria.
"Para mim é muito fácil ir da tristeza à emoção da beleza e nisto há uma espécie de alegria. Mas realmente é mais fácil apegar-me à dor. A minha sombra é a alegria porque sinto dificuldade em ficar nela. A tristeza e a melancolia é um jeito de ser feliz...
Gosto da tristeza, é a minha melhor amiga desde sempre, e também sei que é uma falsa amiga. Sinto alegria quando me aceitam, principalmente quando alguém me consegue aceitar mais do que eu me aceito a mim própria. A alegria faz sentido como qualquer outro sentimento, mas é mais confortável o sentimento em que predomina um certo grau de tristeza. Por exemplo, posso sentir alegria em estar num sítio com determinada pessoa e ao mesmo tempo estar triste porque esse momento vai passar.
Na maioria das vezes sou feliz quando estou sozinha porque posso ser eu própria sem a necessidade de esconder nada. Não preciso de me defender de julgamentos ou criticar, ou de ter que parecer bem quando estou triste. A felicidade é poder ser honesta, não precisar esconder nada, conseguir ser só o que sou e sentir apenas o que sinto. A alegria, sinto-a no presente e por isso é difícil de a manter, porque estar no presente requer esforço e consciência da personalidade.
Sou feliz no equilíbrio e quando estou em sintonia porque que neste estado tenho uma sensação de plenitude e isso faz-me sentir tranquila e serena. Para atingir este estado preciso de muito apoio emocional, segurança, aceitação e tolerância. Nenhum julgamento, crítica ou comparação. Preciso, também, da ausência total da agressividade física ou verbal. É no estado de calma que consigo atingir este equilíbrio que traz alegria.
Sinto alegria em fazer coisas diferentes, a criar, inovar, ao ser útil para a humanidade. Sinto alegria a dançar e brincar com as crianças, ao conversar com pessoas inteligentes que acrescentam conteúdo aos temas. Também, sinto alegria ao acessar a tristeza porque ao entrar nela encontro formas profundas e diferentes de olhar para dentro. E depois de sentir a profundeza da tristeza vem uma alegria muito grande por conseguir ressurgir do nada e sair dessa tristeza.
Quanto à alegria... realmente tenho-me conectado com uma alegria muito profunda em mim ultimamente. Descobri que a minha alma é escandalosamente feliz! Tem uma sabedoria profunda, vê para além da matéria e dos dilemas deste mundo, então consegue ser compassiva com tudo e rir-se de tudo, ao mesmo tempo. O que me faz feliz é sentir-me conectada com a Origem de todas as coisas, estar em Casa. Quando estou em Casa, a Criação é um Recreio. Também o que me faz feliz é quando sinto, resultado dessa conexão, que eu tenho um lugar no mundo, no universo, em Deus. É quando posso largar todas as ansiedades e relaxar no Criador, sabendo que Ele me ama como eu sou, porque Ele ama o que cria."
Helena Portugal
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